EXAME DA PRÓSTATA
Jamais jogue um bumerangue à esmo, principalmente se você não estiver revestido de todas as habilidades para fazê-lo. Ele vai, volta e te atropela. Conversa de botequim, na grande maioria das vezes, é só lamúria, vomitada por boca mole anestesiada pela cachaça, mas, muitas vezes, é um abre coração, um desabafo total. Palavras soltas, bêbadas, para a redação de uma boa crônica. E foi num desses encontros encharcados que meu amigo, um Major aposentado da aeronáutica, já chamando Jesus de Genésio, me contou uma passagem amarga e cruel de sua vida. Este meu amigo tem um conjunto de opiniões pré concebida quanto a raça e quanto ao sexo. Sexo para ele só pode ter dois, masculino e o feminino. O invertido para ele não existe, e ele o abomina. A mulher, quando muito, deverá estar pilotando, mais ou menos, um fogão e nada mais. Quando na ativa, tinha ele, por tarefa, dar treinamento de todas as manobras em terra aos aspirantes da aeronáutica. Era a primeira fase antes de assumir os treinamentos de vôo nos jatos; O aspirante tinha que ser muito macho e persistente para agüentar e passar pelas agruras da primeira fase com o machista e discriminador meu amigo. Ele pensava e agia assim, e desta forma eram poucos os que sobreviviam. Para ele só os caras de saco roxo poderiam passar para a segunda parte. Um dia a terra se abriu e o inferno veio à tona quando ao responder a chamada uma voz fina, macia, musical se fez presente no meio daqueles truculentos machões da tropa. Ele parou a chamada, ficou em silêncio externo, mas na maior confusão internamente. O batalhão, que conhecia bem suas opiniões, permaneceu sepulcralmente em silêncio aguardando o pior. Meu amigo petrificado grosseiramente perguntou: - Quem é você e o que está fazendo aqui? - Sou médica e aspirante em treinamento para ser piloto de vôo de caça. Aquilo foi o fim da picada para o troglodita. Engoliu à seco a informação e deu início a operação de treinamento, com muito mais rigor com o intuito de eliminar, o mais rapidamente, aquela coisa perniciosa que se fazia presente ali. - Um dia eu como o cu desta filha de uma puta e coloco-a no lugar que ela merece. Ela não vai agüentar o repuxo! pensava raivosamente meu amigo. Dos dez aspirantes em treinamento apenas dois conseguiram sobreviver ao duro calvário imposto pelo Major. Para sua infelicidade a médica conseguiu êxito em primeiro lugar. Imitando Hitler, se negou a entregar o certificado e cumprimentar a aluna. O cu da médica estava intacto. O tempo passou. Meu amigo agora um pouco mais flexível com relação às suas opiniões está aposentado e gozando das benesses do plano médico da aeronáutica. Um dia, o urubu da sorte pousou no ombro dele. Precisou fazer uns exames médicos preocupado com umas dores que sentia entre os grãos do saco e o final do tubo digestivo. Marcou consulta e se apresentou na horta marcada. O enfermeiro preparou-o, deitando-o de costa, só de roupão - aquela vestimenta branca, ordinária, que cobre a frente mas deixa a bunda livre para o vento e para quem quiser ver. Pediu que ficasse com as pernas dobradas e abertas para facilitar o serviço - estava tipo mulher grávida preparando-se para o parto. - A médica já vem, completou o enfermeiro. - A médica? perguntou espantado o Major. Quis levantar, mas foi impedido pelo enfermeiro que disse: - Calma, a médica é um capitão e é muito competente. - Uma mulher vai botar o dedo no meu cu! pensou desesperado o meu amigo. Os minutos que se seguiram foram séculos intermináveis de mil péssimos pensamentos para ele, e eis que surge na porta, colocando uma luva e metendo o dedo na vaselina, vestida de branco uma esbelta e sorridente mulher. - Bom dia professor! cumprimentou-o fazendo solene continência e se dirigindo direto ao orifício final do tubo digestivo do Major. Era sua odiosa aspirante que agora estaria fazendo nele o que ele gostaria de estar fazendo nela. Suava frio, e parecia que o dedo da maldita ex aspirante, ao se aproximar, criava uma dimensão enorme. Ele via no sorriso dela, um sarcasmo parecendo evidente que estava ali, por vingança, e a fim de fazer um estrago. O dedo da médica era maior que ela. Meu amigo jura que ouviu o maldito dedo escrachadamente dizendo ao se aproximar do orifício: - Se prepare machão que agora vou te cutucar. O dedo ria loucamente, e o meu amigo, de pernas abertas, sofria tristemente. A coisa enfim aconteceu. Ou pela dor, ou pela raiva, ou pela vergonhosa humilhação ou até pelo medo incontido, o esfíncter interno não ficou devidamente relaxado fazendo com que a penetração inicial do dedo no orifício anal causasse uma dor insuportável. Mijou na mão da médica e fez questão de desmaiou para não presenciar mais nada.
Mario dos Santos Lima
Enviado por Mario dos Santos Lima em 21/10/2012
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