Mario dos Santos Lima

Vivo intensamente o agora

Textos

UMA JAPA ENDOIDECIDA

Segundo alguns autores a violência nada mais é do que o uso da força bruta, de forma intencional e de maneira excessiva, com a finalidade de ameaçar ou praticar algum ato que resulte em acidente,  morte ou trauma psicológica.
Eu sou pela paz e pelo respeito principalmente às mulheres.
Como estamos cansados de ver, e as vezes até de participar, a violência se manifesta de diversas maneiras, seja em lutas armadas, no trânsito, torturas, em conflitos nas salas de aula entre professor e alunos, nos atos sexuais, etc. É um querendo comer o fundilho do outro.
Afirmam alguns autores que um dos principais fatores que gera a violência urbana é o crescimento acelerado e desordenado das cidades, mas eu acho que estes autores estão redondamente equivocados;  Eu digo que a violência é uma conseqüência da má educação que estes filhos de uma puta desordeiros recebem em casa. Não se tem, como dantes, o berço.
Quando a confusão começa e é grande, muitas vezes, Deus se ausenta, por alguns momentos, e acaba levando consigo seus anjos para não se macularem na sujeirada e confusão que as pessoas são capazes de provocar. Fica lá no alto só na espreita.
Dias destes estou de carona com a comportada e paciente portuguesa, como sempre estou, e de repente sou testemunha e participante de uma sangrenta luta campal.
O sinal pediu que os carros parassem. Minha colega parou. Na faixa a esquerda parou outro carro pilotado nervosamente por uma japa. E sem qualquer motivo aparente ela abaixou o vidro e gritou:
- O meu carro é melhor que o seu, sua loira de merda.
Eu acho que ela, ou errou de alvo ou estava completamente alucinada por algum pó que tenha cheirado, ou então estava no processo cruel da tpm.
Minha amiga, nervosa e furibunda com os elogios recebidos, na angustiante tpm resolveu abaixar o nível para xingar a japa quando, entre as duas, aparece um entregador de folder. O coitado ouve solenemente da japa um "não quero nada, vá a merda seu inútil!".
E o sinal teimava em ficar vermelho só para presenciar a troca de palavras amáveis entre as duas.
O entregador de folder saiu de fininho para não apanhar.
E as duas ficaram, por fim, de vidros abaixados, frente a frente uma da outra.
Mas minha amiga saindo do sério aproveitou e disse:
- Sua malcriada, gorda, pérfida, maconheira e capeta encardida!
E o sinal, não se contendo de alegria, abriu passagem para as duas desordeiras.
Eu já me borrava todo presenciando aquela inevitável violência armada.
E os dois carros, alinhados, cantando pneus saíram num racha danado.
Um pouco mais a frente um enorme congestionamento fez com que os dois carros emparelhados reduzissem a velocidade. Nesse pit stop o nosso carro ficou em vantagem alguns metros na frente. Quis descer, mas não consegui.
E aí veio a confusão!
Minha amiga ligou o pisca e embicou o carro para passar na frente da japa. A maldita japa acelerou, bateu uma vez, bateu a segunda vez e quase entrou no banco traseiro do nosso carro. Estrago total.
Minha amiga desceu furibunda do carro, e o que a japa fez também. Os olhos orientais escondidos no risquinho das pálpebras se mostraram fuzilando pretos e arredondados. Seu cabelo negro e liso, como numa ventania de baixo para cima, arrepelou-se todo. Sua boca vomitava impropérios e seus braços ventilavam socos para todos os lados.
O povo parou para ver. Ah! o povo adora uma confusão.
Minha amiga por sua vez foi ao encontro da nojenta e impertinente japa, não para um abraço fraterno, mas para grudar sua garganta e ferrar uma mordida em sua orelha.
- Sua loira desgraçada, você não me pediu para passar! dizia enlouquecida a japa tentando livrar sua orelha dos dentes de minha amiga.
- Sua tarada barbeira, tenho que fazer por escrito o pedido? sua imbecil! rispidamente respondeu a minha amiga.
Os elogios corriam soltos, e os que mais foram ouvidos pela platéia presente variavam de sua biscate, cadela até ordinária prostituta.
E o povo em delírio gritava batendo palmas:
- Dá nela!
Eu, dentro do carro me perguntava:
- Dá o que e em quem?
O povo quer é ver sangue mesmo!
É claro que os anjos e santos, numa hora dessa, bateram em retirada, e rapidamente se escafederam.
E o tumulto estava formado. Quando percebi que minha amiga, já toda ensangüentada, numa dança frenética, quase fundida ao corpo da nipônica, viria fatalmente a óbito, resolvi agir e parti para o embate.
- Tenho que salvar minha amiga, pensei eu.
Tive que usar de violência para apartar as duas e principalmente para salvar minha amiga.
Foi apenas um tapa no ouvido e um soco no queixo e lá estava a japa adormecida. Tive um pouco de trabalho para desgrudar a minha amiga da oriental, tal era o amor brutal entre as duas.
Alguém, o filho de uma puta estraga prazer, não tendo o que fazer, chamou a polícia.
E a polícia chegou bem na hora em que eu estava em ação.
É claro que me fodi! Tudo e todos foram contra mim.
A Japa desmaiada e minha amiga ensangüentada foram encaminhadas ao hospital e eu à delegacia.
Fui preso, paguei fiança e respondo pelo crime Maria da Penha por ter batido em duas mulheres.
Mario dos Santos Lima
Enviado por Mario dos Santos Lima em 16/03/2013
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